No meu dia a dia, interajo constantemente com empresas e seus times digitais (seja squads de TI ou times integrados com as áreas da empresa). Como especialista, meu foco é impulsionar a criação de times digitais de alta performance – times que geram mais valor em menos tempo, que gerem impacto significativo visível nos ponteiros da organização.

Nesse contexto, percebo um gargalo significativo e uma tendência preocupante: o papel do Agilista. Atualmente, muitos Agile Masters e Scrum Masters têm se limitado a ser executores de tarefas, excessivamente concentrados em ritos e ferramentas, adotando uma postura passiva quanto as entregas dos times. Esse perfil, que denomino Agilista 2.0, acaba por gerar um impacto reduzido nas organizações, resultando muitos desperdícios e até no desmantelamento de departamentos de agilidade. 

Imagine um time onde o Agilista se limita a conduzir ritos mecânicos, sem entender profundamente os desafios de negócio. O resultado? Projetos atrasados, objetivos desalinhados e oportunidades de mercado perdidas. Recentemente, vi um projeto crítico ser adiado em meses devido a essa abordagem superficial, custando à empresa não apenas tempo, mas também a confiança de seus stakeholders.

No entanto, tenho observado outros times que seguem um caminho distinto e oposto. Times que contam com agilistas que impulsionam significativamente suas equipes, elevando assim o valor das entregas. A chave para transformar essa realidade? A implementação de um modelo que chamo de Agilistas 4.0 (ou agilista profissional).

O Perfil do Agilista Mecânico (2.0)

Para entender o cenário atual, observamos o perfil do agilista mediano. Este profissional frequentemente se perde em debates sobre se deve adotar Scrum ou Kanban, sem mergulhar na essência dessas metodologias. Suas características incluem:

Uma tendência a discutir sobre ferramentas, como Scrum ou Kanban, sem explorar sua aplicação profunda.Uma visão limitada do Scrum a apenas ritos e do Kanban a um quadro de tarefas.Um papel visto como comoditizado – atuando simultaneamente em 3 a 5 times, com a função reduzida a agendar reuniões.Retrospectivas tratadas apenas como sessões de desabafo, sem planos de ação concretos ou iniciativas de melhoria contínua.Reclamações frequentes sobre falta de voz ou liberdade para fazer diferenças significativas.Desinteresse ou falta de habilidade para discutir aspectos do negócio.Enxergam a agilidade como um fim em si mesma, não como um meio para alcançar entregas de maior valor.Habilidade para ler métricas, mas sem capacidade de transformá-las em impacto para o negócio, o que deixa executivos e profissionais de negócios frustrados.Limitação ao trabalho interno do time, sem habilidades para coaching em auto organização, para o Product Owner ou para a empresa.Uma abordagem não orientada a dados para fundamentar suas opiniões, focando mais nas ferramentas do que nos resultados de negócios.Dificuldade em responder a questões cruciais como “Como aumentar a eficácia do time?”Tratamento de impedimentos como meros itens no quadro, sem a devida atenção ou ação.

Essas características delineiam um agilista que opera mais na superfície, sem mergulhar nas profundezas necessárias para gerar um verdadeiro impacto e transformação no contexto ágil.

A Ascensão do Agilista Profissional (4.0)

Em contraste com o Agilista 2.0, o Agilista 4.0 emerge como uma verdadeira força transformadora no cenário ágil. Este profissional transcende a mera aplicação de ferramentas e ritos, focando-se em gerar um impacto profundo e significativo no negócio.

Características distintas do Agilista 4.0 incluem:

Uma abordagem voltada para a geração de impacto substancial nos resultados do negócio.Foco em aumentar a eficácia e eficiência do time.Um estudo aprofundado de técnicas como Scrum e Kanban, empregando essas ferramentas para ampliar a performance do time.Promoção da melhoria contínua como um aspecto cultural do time, visando a alta performance.Habilidade para criar planos estratégicos e atuar como um agente de mudança, mesmo quando percebe a necessidade de mais voz.Um interesse ativo pelo negócio, reconhecendo a importância de mover o “ponteiro do negócio”.Perspectiva da agilidade como um meio para alcançar entregas de alto valor.Procura por novas ferramentas e inovações, como a IA, para aumentar a produtividade do time.Uma abordagem orientada a dados, utilizando métricas para formular hipóteses e planos de ação baseados em evidências.Atuação não só dentro do time, mas também na periferia e fora dele, para maximizar a entrega de valor.Excelente habilidade de comunicação, capaz de conectar visão, plano e desafios com as pessoas envolvidas.Um compromisso com a identificação e remoção de impedimentos, visando a otimização da eficácia do time.

O Agilista 4.0, portanto, não é apenas um facilitador, mas um líder estratégico, impulsionando times em direção à excelência e ao alto desempenho.

A transição para Agilistas 4.0 traz benefícios tangíveis: aumento na velocidade de entrega de projetos, melhoria na qualidade e inovação dos produtos, e uma elevação notável na satisfação dos clientes. Estamos falando de uma mudança que não apenas otimiza processos, mas que redefine o impacto dos times no sucesso geral da empresa.

O Impacto dos Agilistas 4.0 nas Empresas

A adoção do perfil do Agilista 4.0 nas empresas pode ser um divisor de águas. Eles têm a capacidade de conectar as atividades do time com os objetivos estratégicos do negócio, garantindo que cada ação contribua de forma significativa para o resultado final. Com um Agilista 4.0, as empresas podem esperar uma maior eficácia, produtividade e inovação em seus times.

Se você vê esses desafios refletidos na sua organização, está na hora de agir. Vamos conversar sobre como elevar seus Agilistas ao nível 4.0, transformando-os em líderes estratégicos e agentes de mudança que podem levar seus times – e sua empresa – a um patamar superior de sucesso no mercado.

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